A pesca de lazer tem evoluído positivamente ao longo dos tempos. No entanto, o “ledgering” e o “surfcasting” têm-se mantido tal como sempre foram na sua definição, tendo, no entanto, evoluído a nível técnico, no desenvolvimento e aperfeiçoamento dos materiais e acessórios, dando por sua vez origem a novas técnicas de pesca, como prolongamento delas mesmas.
- No “ledgering” forma-se um angulo de 80 º
- No “surfcasting” forma-se um angulo de 20 º
Como definições temos que:
fig. 1
O “ledgering”, fig. 1. é a pesca praticada por um pescador colocado num plano superior ao mar, nas rocha altas, nas arribas, nos promontórios, nos quebra-mares, nos recifes, nos diques, etc., formando um ângulo de 80 graus. É uma pesca praticada na vertical.
fig. 2
O “surfcasting”, fig. 2, é a pesca praticada nas
praias de costas arenosa e planas, ou mistas, com areia e pedras baixas e
mariscadas, ou somente pedras baixas e lajões, desde que se encontrem ao mesmo
nível das águas de modo a conseguir-se um ângulo de 20 graus. É uma pesca
praticada na horizontal. Procura-se lançar a isca para além das ondas, tendo
como meio propulsor uma chumbada.
As diferenças centram-se na maior ou menor dificuldade
que cada uma das técnicas, apresenta quando da captura do peixe, tornado-se
menos difícil o domínio e a recolha na horizontal do que na vertical. Sendo
necessário a utilização de alguns apetrechos específicos para a retirada do
peixe em zonas altas. A própria resistência do nylon é diferente quando
mergulhado na água do que quando fora dela.
Os carretos devem ser de bobina fixa
com a capacidade variando entre os 200 e 300 metros de nylon, que pode também
variar entre os diâmetros de 0,45 a 0,50.
O diâmetro do nylon prende-se com as
pretensões do pescador atingir muita ou pouca distância e do tipo de peixe
existente no local, não sendo de aconselhar diâmetros abaixo do 0,40 mm.
As chumbadas variam conforme as
condições do mar, a corrente, o vento e o local onde a pretendemos colocar,
podendo ser esférica, oval, tipo relógio ou mesmo piramidal. A chumbada deve
ser fixa á linha principal ou ao “chicote” utilizando um nylon de diâmetro inferior,
a que chamamos “fusível”, para quando a mesma se prender este dispositivo se
quebre e possamos retirar o restante material com ou sem peixe.
Os anzóis variam conforme o peixe que
se pretende capturar, variando entre o 3/0 e 0/2, podendo por vezes existir a
necessidade de baixar ou subir o tamanho do mesmo. Deve ser empatado em nylon
inferior ao da linha do carreto, para quando o peixe entocar ou o anzol
prender, só perdermos a baixada.
As iscas utilizadas dependem da zona
e do estado do mar, não esquecendo as iscas autóctones de cada região, as quais
devem ter a primazia, pelo que se podem dividir da seguinte forma:
Em águas escuras utiliza-se iscas
brancas, como o berbigão, a amêijoa, a lula, o lingueirão, a sardinha, o bucho
de polvo, o camarão, etc.
fig. 3
Em águas normais pode-se utilizar as
atrás mencionadas, mas as mais indicadas são o casulo, a tiagem, o coreano e o
ganso, assim como, as iscas vivas, o caboz, o caranguejo, o ralo, a camarinha,
o mexilhão, etc.
fig. 4
Em águas claras usamos as chamadas
iscas vermelhas, como a tiagem, a coreano, o grilo, a minhoca do lodo, o
ouriço-do-mar, etc.
fig. 5
fig. 6
- O céu, o vento, a hora, o local, o estado e a cor do
mar, etc.
- As iscas utilizadas, o nylon usado, o tamanho das baixas, etc.
Este tipo de pesca pratica-se ao longo de todo o ano,
mas as melhores épocas para a sua prática com êxito são durante o Outono e a
Primavera, com algumas oscilações de região para região. Outro factor que
devemos ter presente é a influência das marés, sendo que as melhores alturas
são as viragens das marés, as três ultimas horas da subida e as duas últimas da
descida.
Como vimos anteriormente o “surfcasting” é
praticado em zonas baixas de fundos maioritariamente arenosos e mistos,
formados por pedras e lajões mariscados entre línguas de areia, ou mesmo só de
lajes e pedras. Estas zonas estendem-se ao longo de toda a costa entre uma
profundidade que vai dos 3 metros aos 9 metros. Até estas profundidades os
raios solares atingem com facilidade estes fundos “arenosos” tornado-os muito
produtivos em alimento para as espécies. Encontram-se nestes fundos peixes de
forma espalmada como o rodovalho, o linguado, a solha, o pregado, etc. Também
os predadores incansáveis como os robalos, as douradas, as raias, os cações,
etc. os procuram para se alimentar.
- A cana deve ser comprida, entre os
4,5 e os 5,5 metros, de modo a proporcionarem uma boa altura da ponteira
ultrapassado as ondas com melhor aproveitamento. Forma como atrás foi dito um
angulo de 20 graus entre o nylon e a superfície do mar. Deve ser forte, com
ponteira sólida, com bastante elasticidade de modo a tornar-se bastante
sensível, para sentirmos com facilidade o toque do peixe. As passadeiras devem
ser estreitas, o que aumenta a aerodinâmica durante a saída do fio, também
diminuímos a espessura do nylon, tendo por objectivo proporcionar bons
lançamentos. Nos anos 80 era moda o uso de passadeiras largas. Devemos ter em
conta que o tamanho da cana deve ser proporcional á estatura do pescador que a
vai usar.
- O carreto deve ter uma capacidade
entre os 200 e os 300 metros de nylon com bobine fixa ou livre, com uma
embraiagem sensível e de fácil regulação, para possibilitar um melhor controlo
na luta com o peixe quando da sua captura.
- Actualmente utiliza-se nylon de
diâmetros abaixo do 0,40 mm, mas nem sempre foi assim. Deve-se
encher as bobinas até metade com fio velho de diâmetro 0,50 mm, por fim
enche-se o restante com 0, 30 mm, completando com um “chicote” de diâmetro 0,30
mm a 0,45 mm ou com uma ponteira de fio único com o diâmetro de 0,45 mm tendo
como bitola para o calculo da seu tamanho 3 vezes o comprimento da cana que se
vai utilizar.
- As baixadas devem ter sempre
diâmetros inferiores ao fio da bobina ou do “aparelho”, sendo as ligações
efectuadas por detorcedores para que as baixadas se movimentem livremente ao
sabor das correntes e, não surja o perigo de se enlearem na linha principal.
- As chumbadas mais adequadas são
normalmente as de formato piramidal ou as francesas, que vêm guarnecidas com
uns arames para melhor se fixarem nos fundos arenosos. No entanto, a utilização
das chumbadas requer um analise atenta do estado do mar, quanto ás correntes,
ás ondas, ao vento, ao tipo de fundos, a distância a atingir, os peixes a
capturar, etc., podendo em qualquer altura ter de se mudar para outro formato
de chumbadas mesmo das redondas, das de formato de lagrima ou de torpedo. O seu
peso varia entre as 50 gramas e as 200 gramas.
- Os anzóis usados devem ser os
adequados a espécies predadoras que poderão atingir bom porte. Deverão variar
entre o número 3/0 e o número 0/ 2 conforme as espécies que se pretende
apanhar.
- Os iscos não diferem muito dos da
técnica anterior, como os:
- Os vermes marinhos, ganso, coreana, tiagem, etc.
- Os moluscos, o choco, a lula, o bucho de polvo, etc.
- Os bivalves, berbigão, amêijoa, mexilhão, etc.
- Os pequenos peixes, as sardinhas, as cavala, cabozes, etc.
- Os caranguejos, os camarões, as camarinhas, etc.
- O “surfcasting” pratica-se com
qualquer estado do mar e a todas as horas, sendo o período mais produtivo o
primeiras e as ultimas horas das mudanças de maré, ao amanhecer ou ao
anoitecer, e durante a noite.
Na Primavera quando da reprodução pesca-se de noite nas zonas baixas, durante o Verão e na primeira metade do Outono, procuram-se as douradas. No Inverno pratica-se o surfcasting para a pesca do predador mais procurado, o robalo.
fig. 7
fig. 8
As figuras 7 e 8 apresentam os aparelhos que utilizo
habitualmente nesta modalidade.
fig.9
fig. 10
fig. 11
fig. 12
Em zonas de rocha a rabeira não deve ter mais de um
anzol, e o estralho deve ser curto, figura 12.
Gostaria por último de falar na necessidade de
cuidarmos da nossa segurança quando da ida á pesca, que no “ledgering” e no
“surfcasting” ou, noutra qualquer modalidade de pesca, a segurança é
primordial, ver bem onde pisamos, nunca voltarmos as costas ao mar, nunca
arriscarmos em demasia quando entramos no mar ou, quando procuramos chegar a um
peixe que ficou a pairar sobre uma rocha batida pelo mar. A máxima do pescador
deverá ser sempre a de que não existe presa nenhuma que mereça ao arriscar da
nossa segurança.
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