Quando em 2010 a Agência Portuguesa do Ambiente
/APA) que foi a entidade técnica responsável pala execução da intervenção,
no âmbito da gestão da zona costeira da Ria Formosa. 
Sendo essa decisão tomada sem consulta pública ampla e
sem estudos de impacto ambiental divulgados, o que gerou forte oposição por
parte de associações locais e especialistas. 
A abertura da barra foi realizada como parte de um
plano mais vasto de intervenções costeiras, mas Cacela Velha foi negligenciada
em termos de acompanhamento e mitigação dos efeitos.
Quando as reacções e contestações começaram por parte
de associações como a das comunidades locais, como pescadores, viveiristas e
mariscadores, que denunciaram os efeitos negativos da intervenção desde os
primeiros meses. 
Da Associação de Defesa, Reabilitação e Investigação
do Património de Cacela (ADRIP) que foi uma das vozes mais críticas, alertando
para o risco da destruição do património e biodiversidade. 
A nível político tivemos o Partido Comunista Português
(PCP) que apresentou em 2018 um projecto de resolução na Assembleia da
República, exigindo a reposição da barra e o reforço do cordão dunar onde
anteriormente se encontrava, ou seja, entre o sítio da Fábrica e o canal que
conduzia ao porto de Tavira.
A motivação oficial para esta alteração era de cariz
técnico, melhorar a renovação das águas da laguna, facilitar a navegação e
combater o assoreamento. 
No entanto, muitos especialistas consideraram que a
intervenção foi mal planeada, mal executadas e sem base científica sólida.  
Originou a destruição do cordão dunar com a intervenção
houve o rompimento de uma barreira natural que protegia a zona costeira,
expondo-a ao galgamento oceânico e à respectiva erosão intensa. 
Os viveiristas viram os seus viveiros destruídos dando
origem ao declínio da actividade marisqueira, viveiros de ostras e de bivalves foram
desactivados, e a actividade marisqueira entrou em colapso, afectando
directamente a subsistência das comunidades locais que se dedicavam de
mariscadores. 
Houve alterações na biodiversidade nomeadamente nas
espécies vegetais que desapareceram, os habitas foram destruídos, e a fauna
marinha sofreu mudanças na salinidade e na dinâmica das águas. 
Estando inserida esta nova barra numa área onde o
património devia de ser preservado tal não aconteceu dado o facto de ter posto
em risco o núcleo histórico de Cacela Velha assim como outro património, o
arqueológico. Quanto ao conjunto patrimonial que, que inclui o Forte, a Igreja
e o antigo cemitério, e está classificado como imóvel de Interesse público,
onde a erosão da arriba ameaça directamente estas estruturas. A outra ameaça são
as escavações arqueológicas que anteriormente revelaram vestígios das ocupações
islâmicas e cristãs, encontram-se ameaçadas pela instabilidade do solo e da
proximidade do mar que colocam em risco estes achados.
Por outro lado a descaracterização da paísamem cultural
que a intervenção alterou na relação entre a comunidade e o território,
afectando práticas tradicionais, como a pesca artesanal e o turismo
sustentável.
Estamos perante o que este episódio é frequentemente citado
como um exemplo de má gestão ambiental, onde a ausência de estudos de impacto
ambiental e de acompanhamento técnico resultou numa degradação irreversível. 
Deixo-vos aqui um pequeno video, feito em 2025, onde se vê a deriva da saída das águas do sapal para o mar e o acumular de areias que provocou tal deriva, o mal que fizeram ao cordão dunar em 2010 deu nisto passados 15 ano, já não sai frente a Cacela Velha mas a uma boa distância em direcção à Manta Rota.
Espero que gostem e fiquem bem.
Elementos de pesquiza:
Sul Informação - "O mar que sempre deu, ameaça agora tirar património a Cacela Velha"
Jornal do Algarve - "PCP propõe intervenção urgente na zona de Cacela Velha e da Fábrica"
Diário do Algarve Barlavento - "PCP propõe intervenção urgente na zona de Cacela Velha"


 
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